O Transtorno do Espectro Autista e o mercado de trabalho

O mercado de trabalho vem mostrando preocupação com a diversidade já há algum tempo. Além das questões raciais, de gênero ou físicas, observamos que há uma outra possibilidade: a neurodiversidade. Esse conceito engloba pessoas com desenvolvimento neurológico atípico, mas que devem ter suas características respeitadas. Dentro deste conceito estão as pessoas com TEA (Transtorno do espectro autista).
O TEA atualmente acomete 1 a cada 59 crianças nascidas, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças – EUA). Essa atipia do desenvolvimento neurológico afeta principalmente as habilidades de socialização e comunicação. Em alguns casos, pode ocorrer a presença de particularidades como: talento para matemática, capacidade ímpar para memorizar, habilidades musicais, facilidade de manejo de eletrônicos / tecnologia, etc. Apesar disso, atualmente 85% dos adultos com autismo não estão inseridos no mercado de trabalho, sofrendo gravemente de depressão e ansiedade e com índices de suicídio muito maiores do que pode ser visto na população em geral; este dado também atinge diretamente as famílias envolvidas, uma vez que essas não conseguem visualizar um futuro seguro para esses indivíduos. Se pensarmos nas estatísticas atuais, a médio prazo, todos terão alguns pacientes com TEA na família ou no convívio social.

Acredito que a falta de informação interfere no processo seletivo para a contratação de um indivíduo com TEA, pois não há um preparo adequado do funcionário que o recebe no decorrer do processo. Quem tem TEA pode ser uma pessoa que não se adeque aos padrões pré-estabelecidos pelo mercado fazendo com que seja necessário a preparação da equipe para receber e trabalhar com um indivíduo que precise de clareza e objetividade na comunicação e precise de antecipação para mudanças de rotina. A educação e conscientização sobre o tema também se faz necessário, esse processo dá trabalho e demanda esforço e boa vontade de todas as partes. Mas vale a pena! Quem não gostaria de ter uma liderança mais clara e objetiva? Quem não se torna mais sensível ao estar em contato com as diferenças do parceiro de trabalho? Quem não aprende a ver o mundo de uma forma diferente ao olhar sob outro prisma?
Está na hora de mudarmos paradigmas… hoje são 70 milhões de pessoas com TEA no mundo, a estimativa é que 2 milhões sejam brasileiras.

É hora de incluir!

Dra Ana Lúcia Kozonara

(11)99282-6798